Antes de desvendarmos tal indagação, é
importante percebermos que este sinal de pontuação – ora representado pela
vírgula – possui acepções que vão além de uma simples pausa relacionada à
linguagem oral. O sinal encontra-se relacionado a fatores de natureza
sintática, dos quais todo usuário necessita ter conhecimento. Citá-los aqui não
nos é viável, dada a intenção a que se presta o artigo, mas devemos sempre ter
consciência de sua importância para a construção de textos mais fluentes,
claros e precisos.
Além desses aspectos, há que se
ressaltar que a vírgula mantém uma estreita relação com a intencionalidade
discursiva, ou seja, sua existência ou não depende muitas vezes da
intencionalidade do falante. Eis aí o ponto fundamental que nos permitirá chegar
ao ápice de nossa discussão.
Observemos, pois, os seguintes
enunciados:
- Maria, estuda todos os capítulos para
a avaliação.
- Maria estuda todos os capítulos para
a avaliação.
- Pega ladrão!
- Pega, ladrão.
Em todos eles, a vírgula determinou sua
razão de existir, uma vez manifestando a intenção que o emissor deseja conferir
à mensagem ora proferida. No primeiro e último exemplos, temos que a enunciação
representa um chamamento, uma invocação, direcionados tanto à Maria, quanto ao
ladrão. E se estamos diante de um vocativo, a presença da vírgula é necessária.
Atendo-nos ao segundo e terceiro
exemplos, constatamos a presença das mesmas características em relação à forma
(quando comparados aos exemplos já citados). Entretanto, notamos que a mensagem
retratada pelas sentenças se diverge completamente, pois ambas afirmam uma ação
revelada pela forma verbal.